Combate à “exclusão racional”
Pensar criticamente é uma prática fundamental ao exercício da democracia. Mas, apesar de ser uma necessidade universal, a familiaridade com a boa argumentação não é uma realidade para boa parte da população, que fica exposta a todo tipo de falácias e argumentação enganosa.
Com a finalidade de combater essa verdadeira “exclusão racional”, acaba de ser lançado o livro “Pensamento crítico – O poder da lógica e da argumentação”, de Walter Carnielli e Richard Epstein. Segundo os autores, a obra tem como objetivo servir de guia para orientar a boa argumentação e, ao mesmo tempo, de instrumento de “autodefesa intelectual contra as falácias do mundo contemporâneo”.
Carnielli, professor do Departamento de Filosofia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp e do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência da mesma universidade, e Epstein, diretor do Advanced Reasoning Fórum, no Novo México, Estados Unidos, também escreveram em conjunto a obra “Computabilidade, funções computáveis, lógica e os fundamentos da matemática”.
Os dois livros são produtos do Projeto Temático “Consequência lógica e combinação de lógicas – Fundamentos e aplicações eficientes”, e foram coordenados por Carnielli. De acordo com o professor, Pensamento crítico se baseou na obra Critical thinking (2001), escrita por Epstein com sua assistência e colaboração, que se tornou best-seller nos Estados Unidos. A colaboração entre os dois autores é intensa e regular há mais de 25 anos.
Segundo Carnielli, um dos diferenciais do livro é a abordagem do pensamento crítico de maneira fundamentada, diferentemente de outras obras que tratam o tema como retórica e técnica de argumentação, sem base sólida na lógica. “Da mesma forma que falamos em exclusão digital, podemos falar hoje em exclusão racional, ou exclusão argumentativa. Se a pessoa não tem acesso às bases da boa argumentação, será facilmente enganada”.
Carnielli diz que um dos destaques da obra é o fato de sua análise não se limitar a argumentos válidos ou inválidos, mas de se estender também às noções de bons argumentos e de argumentos fortes. De acordo com ele, os bons argumentos e os argumentos fortes são os argumentos sólidos que as pessoas gostam de ouvir e querem saber usar. “Apresentamos, de forma sistematizada, uma teoria da argumentação com bases sólidas na lógica contemporânea – passando também pela teoria clássica da argumentação, partindo de Aristóteles e levando em conta todo o desenvolvimento posterior da lógica – com bases claras e simples”, explicou.
Por Ronaldo Bomfim
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